Gê Viana
Na Falta do Calor da Hora, 2020. In the absence of the heat of the moment. Obra coletiva - Colagem Digital, Lambe - Lambe 2020. Projeto especial para M.A.P.A. mostra No Calor da Hora. 300 x 900 cm. Ge Viana Com Ara Mirim, Brisa de la Cordillera, Kaê Guajajara, Kandú Puri, Karkara Tunga, Natália Lobo, Nayra Albuquerque, Tupã Caio, Amanda Tupinambá. Avenida Pedro Teixeira ao lado da Arena Amazônia - Dom Pedro - Manaus – Amazonas. Fotografia: Michael Dantas.
Na falta do calor da hora, daríamos um sumiço das redes, para se perder no mato andamos caminhos longos, sentir um cheiro da melancia e do fumo, imaginamos ser uma roça de melancia e um rapaz sentado mascando. Andamos, andamos e não tinha roça só os cipó e o verde em vários tons, um de nóis falou que não estávamos sozinhos, existiam mais dois nos acompanhando nessa aglomeração, e mais histórias foram ditas. “Ouvi dizer dias desses que existe um pássaro com poder de voltar em vários tempos levando informações de como o mundo tá hoje , ele se comunica passando o bico na saliva entre os lábios dos que aqui estiveram e dos que tem o poder de se envolver com a mata chamando para um beijo num assobiar”.
Nascida na zona rural do Maranhão, Gê Viana (1986) desenvolve um trabalho iniciado a partir da construção de arquivos visuais e da manipulação dessas imagens, problematizando questões relacionadas à ancestralidade afro-indígena e à normatividade de gênero e da sexualidade humana. A partir de fotografias, fotomontagens e ações urbanas, realiza intervenções visuais em fachadas de casas de taipa e muros urbanos, aos quais acrescenta camadas relacionadas ao pixo e à presença de corpos e atitudes marginalizados pela sociedade hegemônica. Em alguns trabalhos, estabelece diálogos com os campos da dança e da performance, dedicando-se ao que chama de corpografia do pixo, em processos nos quais busca ressaltar dimensões artísticas e performáticas da mesma atividade, assim como aspectos corporais geralmente invisibilizados pela marginalidade social imposta aos pixadores. (Bio enviada pela artista)
In the absence of the heat of the moment, we would disappear from the hammocks, to get lost in the bushes, walking along paths, smelling watermelons and smoke, we imagine being in a watermelon garden and a boy sitting chewing. We walked, walked and there was not one only vine nor various shade of green, one of us said that we were not alone, there were two more accompanying us in this agglomeration, and more stories were told. “days ago I heard that there is a bird with the power to travel in time taking information about how the world is today, it communicates by passing its beak in the saliva between the lips of those who have been here and those who have the power to get involved with the woods calling for a kiss in a whistle ”.
Born in the rural zone of Maranhão, Gê Viana’s (1986) practice initiated from the construction of visual archives and the manipulation of these images, problematizing issues related to Afro-indigenous ancestry and the normativity of gender and human sexuality. From photographs, photomontages and urban actions, Viana performs visual interventions on façades of mud houses and urban walls, to which she adds layers related to the pixo and the presence of bodies and attitudes marginalized by hegemonic society. In some works, she establishes dialogues with the fields of dance and performance, a processes called pixo corpography which seeks to highlight artistic and performance dimensions of the same activity, as well as bodily aspects generally invisible by the imposed social marginality to pixadores. (Bio sent by the artist)